Operação dá mais 30 cm de altura
Os anões podem crescer cerca de trinta centímetros com recurso à cirurgia. O tratamento é demorado – um mês e meio por cada centímetro – e não se reduz a uma mera operação. Simples gestos como chegar ao botão de um elevador ou ser visto ao balcão de uma loja passam a ser possíveis. Adolescentes com baixa estatura por nanismo acondroplásico encontram nesta intervenção uma altura e uma vida normais.
Segundo Jorge Seabra, director do Serviço de Ortopedia do Hospital Pediátrico de Coimbra, o alongamento "engloba todo um processo e a cirurgia não é a parte mais importante". Há várias técnicas para o tratamento. "Em termos gerais, passa por criar artificialmente uma fractura (cortar o osso) e ir afastando as duas pontas muito lentamente, através de um aparelho externo, permitindo que, no intervalo que se vai criando, se volte a formar o osso", explica.
Depois é necessário algum tempo para a zona ganhar resistência. "Exige que o doente faça pensos diários e é psicologicamente desgastante", esclarece o director de Ortopedia do Pediátrico.
"Poderemos comparar este tratamento a uma prova de todo-o-terreno, em que há vários obstáculos até cortarmos a meta", resume Jorge Seabra.
"NÃO É PARA PESSOAS SAUDÁVEIS": Jorge Seabra, Ortopedia do Hospital Pediátrico de Coimbra
Correio da Manhã – Todas as pessoas podem fazer este tipo de tratamento?
Jorge Seabra – Alongar jovens saudáveis que desejam crescer alguns centímetros não é indicado. Além de ser limitado em termos de resultados, traz mais problemas do que vantagens.
– Quanto tempo demora todo o processo?
– O hiato de tempo entre o momento da intervenção cirúrgica e a retirada e consolidação do osso é variável. Por norma falamos de um mês e meio por cada centímetro de crescimento.
– Que outras circunstâncias levam aos alongamentos?
– Em casos de fracturas, infecções ou tumores que causem a paragem de crescimento do osso.
"SOU MAIS INDEPENDENTE E AUTÓNOMA"
Há 16 anos, uma intervenção médica realizada no Hospital Pediátrico de Coimbra mudou a vida a Susana Magalhães. "Hoje consigo fazer tarefas que então eram impossíveis para mim. Sou mais independente e a qualidade de vida é maior", explica a empregada fabril de Viseu.
"Ao longo destes anos cresci cerca de trinta centímetros", explica Susana Magalhães, de trinta anos que iniciou o processo de alongamento da estatura em 1994.
"É um processo muito moroso, em que é necessária muita paciência e apoio das pessoas que estão ao nosso lado", explica, adiantando que "sem ajuda e paciência não tinha conseguido".
Susana Magalhães ganhou uma autonomia que se expressa em coisas simples do dia-a-dia. "Consigo chegar a armários altos e realizar todas as tarefas diárias sem problemas." No seu caso, o processo está concluído.
PERFIL
Susana Magalhães, 30 anos, trabalha em Viseu, numa fábrica de material médico. Iniciou o processo de alongamento em 1994
Por: Gonçalo Silva – 30 Maio 2010
Fonte – Correio da Manhã:
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentid=24875336-516D-4A67-AA2E-78FF2D02A757&channelid=F48BA50A-0ED3-4315-AEFA-86EE9B1BEDFF